Fraqueza não é desculpa para o pecado

Tudo que me lembro da minha primeira e única maratona é da deceção.

Depois de me formar na faculdade, decidi riscar um item da minha lista de desejos. Eu tinha um emprego remunerado sem os compromissos de um cônjuge ou filhos. Era hora de correr uma maratona. Eu nunca tinha corrido numa prova de meia maratona, mas ingenuamente imaginei que três anos correndo cross-country no colégio de alguma forma me fariam cumprir os 42 quilômetros. Estava muito enganado.

Sem me prender a detalhes esquecíveis, treinei mal as corridas longas e não consegui preparar meus pés e pernas para as batidas. Então, no dia da corrida, por volta da milha dezoito, corri direto para a temida “parede”. Terminei, mas só depois de mancar nos últimos 13 quilómetros da corrida com um corpo quebrado e um ego ferido.

Quando penso na corrida, não me lembro das belas corridas de treino ao longo da praia em La Jolla, Califórnia. Não me lembro da alegria de construir milha após milha. Eu nem me lembro da emoção do dia da corrida ou daquelas primeiras dezoito milhas de corrida bem ritmada. Eu só me lembro das oito milhas miseráveis até à linha de chegada. Lembro-me de minha fraqueza.

Fracassos e fraquezas

É fácil lembrar nossos fracassos. Desistência. Divorciado. Alienado. Despedido. Falido. Incompleto. Encarcerado.

Também é fácil lembrar nossas fraquezas sempre presentes. Fragilidade física. Doenças cronicas. Intelecto abaixo da média. Dificuldades de aprendizagem. Quebra emocional. Trauma infantil.

Em um nível, podemos nos orgulhar de nossas fraquezas e fragilidades. Deveríamos. Queremos seguir o caminho do apóstolo Paulo, que diz: “Eu me gabarei ainda mais das minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse sobre mim” (2 Coríntios 12: 9). Nossas fraquezas são oportunidades para o poder de Cristo ser revelado por meio da dependência e da fé. Por fraquezas, quero dizer os aspetos dolorosos, mas moralmente neutros de nossa humanidade, muitos dos quais são parte integrante do projeto de Deus para nós nesta era.

Surpreendentemente, podemos até mesmo nos orgulhar das fragilidades decorrentes do fato de sermos culpados. Deus se agrada de estar “perto dos quebrantados de coração e salva os contritos de espírito” (Salmo 34:18). Deus transforma o mal numa oportunidade de se deleitar com o poder, a presença e o conforto de Deus. Recebemos conforto na aflição para que possamos confortar outros com esse mesmo conforto (2 Coríntios 1: 4). O quebrantamento se torna o campo de treino para um ministério frutífero para outros.

Embora possamos aprender a aceitar e até mesmo nos orgulhar de nossa fraqueza, não devemos confundir nosso pecado com fraqueza.

Fachadas e desculpas               

O pecado frequentemente veste a máscara da fraqueza ou fragilidade. Ele se disfarça como moralmente neutro quando, na verdade, é uma doença mortal que nos destruirá. Somos tentados a reformular nossos pecados – luxúria, raiva, impaciência, ambição egoísta, aspereza, gula, desonestidade, fofoca e assim por diante – como elementos naturais de nossa humanidade ou resultados de traumas sofridos. Alguém pode ficar tentado a pensar: só estou mais propenso do que os outros a agir dessa forma por causa do meu passado. Embora nosso passado possa influenciar nosso pensamento e padrões presentes, ele não nos isenta de fazer guerra contra nosso pecado.

Nas famosas palavras do puritano John Owen, “Esteja matando o pecado, ou ele estará matando-o a si.” Essa verdade se aplica tanto aos pecados ocasionais ou mais raros quanto aos pecados que consideramos particularmente (ou persistentemente) atraentes. Não importa nosso passado, disposição ou personalidade, não há desculpas para abraçar o pecado.

Por exemplo, se um jovem luta contra a pornografia porque foi exposto a material ilícito quando era jovem, isso é doloroso. Ele foi condenado por aqueles que o expuseram, e agora ele suporta o peso da tentação crescente e todos os vários efeitos infligidos no seu cérebro em desenvolvimento. Mas as inclinações e propensões pecaminosas desse jovem não desculpam seu pecado.

Embora nossas experiências anteriores possam nos ajudar a entender nossas lutas (anorexia, comer demais, ansiedade, uma mentalidade de desempenho, explosões de raiva, impaciência e assim por diante), certamente não as desculpam. Os cristãos estão sempre – ou deveriam estar – no caminho e na trajetória de santidade crescente. Na verdade, a propensão para um tipo específico de pecado deve nos tornar ainda mais vigilantes contra esse pecado.

Fortaleça seus joelhos fracos

O autor de Hebreus entendeu a tentação de ficar cansado ou desanimado na luta contra o pecado. No entanto, ele não usou o cansaço para desculpar o pecado de seus leitores, mas, em vez disso, os chama para se levantarem em zelo habilitado por Deus para lutar. Ele diz: “Levantem as mãos caídas e fortaleçam os joelhos fracos” para que possam “obter a graça de Deus” (Hebreus 12:12, 15). Como eles devem fazer isso?

O escritor exorta sua audiência a abandonar o pecado e a tentação olhando para Jesus Cristo, “o Fundador e consumador da nossa fé” (Hebreus 12: 2). Essa é uma estratégia simples, mas eficaz contra a armadilha do pecado: olhe para Jesus. Considere sua vida, morte e ressurreição por si. Considere sua autoridade atual e reinado à direita do Pai. Considere como Cristo sofreu e perseverou até a morte em obediência à vontade de seu Pai. Muito parecido com uma maratona, a corrida da vida cristã é principalmente para terminar. Não importa como você chega lá ou quão fraco você se sente ao longo do caminho; é importante que você continue correndo. Na vida cristã, essa corrida é lutar pela alegria em Deus (e contra os efeitos destruidores da alegria do pecado).

Deus também oferece sua obra graciosa de disciplina restauradora na vida dos crentes. Deus disciplina seus filhos para o bem deles, para que possamos nos tornar mais santos (Hebreus 12:10). Embora isso possa instintivamente fazer sentido como pai (que regularmente tem que disciplinar seus filhos), é muito mais difícil de aceitar quando estamos sofrendo.

Dificuldade e Luta

Assim, Deus chama os crentes a “levantar as mãos caídas e fortalecer os joelhos fracos” (Hebreus 12:12). Ele os chama a não desmoronar sob o peso da exaustão e desânimo – nem sob o peso da disciplina corretiva – mas, sim, para renovar a busca pela santidade. Não desista ou ceda ao pecado. A dificuldade dessa tarefa não diminui, mas aumenta o valor do prémio. Para pegar emprestado de um slogan popular, sem dor, não há ganho – ou crescimento.

Dificuldades e lutas são bons sinais de que estamos ativamente engajados na luta contra o pecado. Na busca pela santidade, devemos abraçar a luta, o suor e a dor (Hebreus 12: 4). O pecado e Satanás procuram roubar a alegria dos crentes, torná-los ineficazes e atrapalhar seu caminho para a alegria e glorificação eterna. Reconhecer a fraqueza não é ceder ao pecado. Reconhecer a fraqueza é lembrar nossa incapacidade de lutar por conta própria. Sabendo que não podemos lutar sozinhos, renovamos nossa fé em Cristo, contando com os recursos infinitos que Ele adquiriu para nós.

Fraqueza sem pecado

Podemos ser tentados a chafurdar em nossas fraquezas, desejando ser mais como outras pessoas, mas muito melhor é ponderar sobre o poder redentor de Deus em ação na nossa fraqueza, e então renovar nosso zelo para matar o pecado. Em vez de lamentar nossas incapacidades, esperamos Naquele de habilidade inestimável, Jesus, que assumiu nossa fraqueza para que nos tornássemos fortes Nele.

Nosso irmão mais velho abraçou todas as limitações de se tornar humano, Ele experimentou a ampla gama de tentações, mas não pecou, e sofreu extrema agonia e zombaria para nos redimir. Portanto, temos um carinhoso sumo Sacerdote que nos leva ao Pai, e temos um Salvador que destruiu o poder do pecado para que possamos encontrar cada vez mais liberdade, enquanto esperamos ansiosamente estar com Ele para sempre, purificados e renovados, no céu.

Artigo original por Steven Lee (@5tevenLee) em : https://www.desiringgod.org/articles/weakness-is-no-excuse-for-sin

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